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SOU PÉROLA NEGRA, ORGULHOSAMENTE BRASILEIRO AFRODESCENTE

Natal Alves França Pereira
Nov. 21 - 4 min read
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As professoras ensinaram-me a ver a história da libertação dos escravos no Brasil de maneira que me levavam a acreditar em um gesto benevolente da princesa Izabel, como se fosse um favor ou um perdão concedido dos brancos aos negros. Na ocasião não entendia o que de fato aconteceu. Revendo a história, hoje compreendo que aquela abolição sem dar condições de dignidade ao negro, de fato, deu início à marginalização dos antes escravizados, que foram trazidos de suas terras e foram mantidos em cativeiros, só para trabalhar, sem remuneração e sem poder estudar, e, de repente, se viam livres dos grilhões, mas, sem lar, sem cultura e sem emprego. A verdade é que o fim da escravidão foi conseguido pelos próprios escravos, que em nenhum momento, durante o período colonial e imperial, deixaram de lutar contra a escravidão, a conquista da liberdade é fruto de muita luta e sacrifício. Zumbi dos Palmares, falecido em 20 de novembro de 1695, é um dos principais símbolos da resistência contra a escravidão negra no Brasil. A fama e o símbolo  de resistência e força contra a escravidão mostrada pelos palmarinos fizeram com que a data da morte do Zumbi fosse escolhida pelo movimento negro brasileiro para representar o Dia da Consciência Negra, e é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, caracterizada pela intenção de procurar evitar o desenvolvimento do auto-preconceito, ou seja, da inferiorização  perante a sociedade. É bom lembrar que a resistência dos afrodescendentes não se fez apenas no confronto direto contra os senhores e forças militares, ocorreu também no aspecto religioso e cultural, como no candomblé, na capoeira e na música. Relembrar essas características culturais é uma forma de mostrar a importância dos africanos escravizados e de seus descendentes na formação do nosso País.

Ao longo da história, os negros não foram tratados com respeito, passando por grandes sofrimentos. Foram escravizados para prestar serviços pesados para os brancos, tendo que viver condições desumanas, amontoados dentro de senzalas. Vivendo condições sub-humanas tiveram que se adaptar para sobreviverem, praticaram seus cultos religiosos às escondidas, desenvolveram remédios para seus males físicos e conseguiram manifestar suas alegrias com músicas e danças próprias, que ainda hoje são praticadas no Brasil.

Os negros e seus descendentes continuam sendo maioria nessa luta por melhores condições de vida, infelizmente a discriminação racial é um fato em nossa sociedade, que barra o desenvolvimento do negro e destrói a sua capacidade de realização. Estamos no século XXI, não dá mais para aceitar as condições em que vive o negro, discriminado na vida social, vivendo no desemprego, subemprego e nas favelas. Não podemos permitir que sofra perseguições constantes da polícia, simplesmente por ser negro, sem dar uma resposta. O preconceito e a discriminação persistem no Brasil sim senhores, e podemos comprovar sua incontestável existência mascarada, disfarçada e sutil, está claro que o racismo brasileiro é uma modalidade das mais difíceis de ser combatida, é imperativa a necessidade de uma consciência crítica capaz de desmascará-lo de uma vez por todas.

Negro também é capaz, não é coitadinho, apesar das dívidas históricas da nossa sociedade, não precisa de favores, precisa ser tratado com respeito e justiça, para que não seja jogado nas favelas, cortiços, alagados e invasões, empurrado para a marginalidade, para a prostituição, para a mendicância, para os presídios, para os desempregos e subempregos, e, tendo sobre si, ainda, o peso desumano da violência e da repressão policial ou de seguranças de shoppings ou outros estabelecimentos. Por isso se faz necessário, em toda a sociedade, a manutenção da luta contra o racismo e toda e qualquer forma de opressão existente em nossa sociedade, afim de que seja alcançada maior mobilização e organização da comunidade, visando uma real emancipação politica, econômica, social e cultural. Por tudo isso, meu desejo é gritar: “Sou Pérola Negra”, orgulhosamente brasileiro afrodescendente. 

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