E lá estava ela, perdida no mundo, um traço no escuro,
o grão de areia na praia, a não notada na multidão.
Já não levava mais, na bolsa, as flores de plástico,
nem os souvenirs, nem os chaveiros. Só documentos,
um pouco de dinheiro e algumas camisinhas.
No seu coração, ela levava um silêncio e um grito.
Ela já tinha descartado as hipoteses de esperança,
e também as promessas de amor de outrora.
Em seu quarto não haviam mais pelúcias, nem posters,
nem fotos, nenhum coração, nenhuma cor. Tudo jogado.
Ela não sabia se estava viva ou morta. Se definia como
[quase viva.
Então nos encontramos, não aconteceu nada, como esperado,
apenas nos olhamos, e em nossos silêncios premeditados,
nos entendemos perfeitamente. Éramos almas gêmeas.