No palco apenas uma velha poltrona. Ao lado desta em pé, e com um telefone em mãos, um homem tenta desesperadamente ligar pra alguém. Ao longe ouve- se em off som de chamada de celular, que mistura- se com som de tiros. .
Pai ( nervoso ) - Atende o celular Júnior. Atende o celular. Meu Deus porque esse menino não atende o celular ( o nervosismo aumenta. Anda inquieto pelo espaço. ) Meu Deus, o que deu nesse menino que não atende o celular ( som de chamada de celular) atende meu filho. Atende. Mania essa de não atender o celular.
( Finalmente, do outro lado da linha, alguém atende)
Filho - O que é meu pai ? O que ? Poxa...
Pai - Você está aonde meu ? De hoje que eu te ligo e você não atende a droga desse telefone.
Filho - Calma meu pai, calma. Tô aqui no curso, esqueceu ? Já estou indo pra casa.
Pai ( nervoso ) - Não , não venha não. Dê um tempo aí . Espere eu te ligar. Entendeu ? Você só vem quando eu te ligar.
Filho - O que é que foi meu pai ? Não estou te entendendo.
Pai - Faça o que eu estou te mandando. Não venha. Os homens estão aqui na rua. Tudo armado. Todos de brucutu.
Filho - Mas eu não fiz nada meu pai. Eu estudo e trabalho.
Pai ( chorando ) - Eu sei meu filho, eu sei. Mas pelo amor de Deus, não venha meu filho. Não venha.
Blackout.
Acendem - se as luzes. O pai esta sentado. Debate- se no velho sofá.
Pai ( chorando ) - Não venha meu filho. Não venha.
Filho ( Aproxima- se. Tenta acorda-lo ) - Acorda, meu pai. Acorda. Já está tarde. Vem pro quarto.
( Pai acorda. Levanta- se. Dar um forte abraço no filho, que o abraça também )
Filho - O que é que foi meu pai ?
Pai ( Olhar de alívio e ternura) - Nada meu filho. Nada.
Blackout - final