Ondas metafóricas, nada retóricas... Saibam todos, que o vírus não escolhe seu infectável pelo relacionamento, envolvendo-se, com puritanas e doidivanas, não perdoa pecador ou casto, celibatário ou devasso, nem pela classe social ou pelo poder econômico.
Democraticamente, atinge a todos os desavisados, desatinados que, apenas, assumiram que o mal não é, de fato, um fato. Em insanas aglomerações, confraternizações, saúdam com infundada alegria a falsa segurança reforçada por ingênua ignorância.
Ignorando que o vírus possui tal picardia que contagia os jovens, mas maltrata a vida daqueles cuja jornada já extrapola os limites do tempo, colhendo almas antes do seu derradeiro momento.
Um pensamento do dramaturgo Bertolt Brecht deixa claro o momento em que vivemos “Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso”.
Como premonição ou apenas uma análise mais realística da alma humana em todos os tempos, esse pensamento descreve, fidedignamente, a falta de cumplicidade presente nestes tempos.
Vivemos uma era de “egoísmo social” onde a preocupação com o outro é substituída pela extrema valorização do “Eu”, das liberdades individuais, mesmo que para isso o outro tenha que ser subjugado, humilhado e anulado.
Regras de convívio são ignoradas devido à invisibilidade do outro, a um desprezível egocentrismo e à crença insana na imortalidade. Ou seja, vivemos uma sociedade adoecida que não percebe, ou não se importa, com a própria enfermidade.