Nelson, a porra tá inchando. Derrubaram os barraco tudo. Foram quinze, quinze poliça cinco viatura, dois da civil e um trator. Até a colônia de pescador sobrou nessa. Eles chegaram quatro da madruga. Pelanca e Vanu viu tudo. Não puderam fazer nada. Porra , logo agora que eu ia fazer um barraco pra botar uma nega. Mas aqui pra nós parcero, a gente sabia que não pudia fazer barraco na beirada da maré. Os home não querem mais palafita. Fica feio, né ?
Véi, os cara sabia que não podia fazer barraco na maré , mas quando chega na época da eleição os caras não quebra, né ? E é bloco, cerveja, torneio de domino , cachaça , a porra toda. Tem até uns espertos que pega uma ponta, Nelson. Fazer o que véi ? E eu sou viado parceiro ? Era polícia pá porra. Eu não fazer nada. Ninguém ia fazer nada. Agora é pegar os panos de bunda que sobrou, uns blocos e ficar queto.
- E o barraco de budiga ?
- No chão .
- E ele já soube ?
- Foi o primeiro a saber ?
- Deve tá retado da vida
- E não ? Parecia o cão . Se armou com um porrete e gritava
- Porra, não tinha um corno qualquer podia enfrentar os ome ?
- Como enfrentar Budiga ? Eram muitos.
- Porra nenhuma. Se eu tivesse aqui , esses putos não derrubava nada.
A bem da verdade , eu nunca vi Budiga daquele jeito. Um cara tão calmo, tão na dele. E daquele jeito. Nem parecia o mesmo . Parecia que uma coisa ruim tinha pegado ele. Bem que minha mãe dizia , que Deus a tenha. Araruta também tem seu dia mingau.