Os lençóis hoje vazios, assim como minha alma,
ainda guardam as marcas das noites que dormíamos,
ainda que brigados, nele está escrita a nossa história.
E, hoje, com tudo arruinado, eu o guardo, como um
[memorando perecível.
Você deveria tê-lo levado contigo, assim seria melhor.
Assim, eu não precisaria dormir com os trapos de
nossa história, e tampouco me contentar com o reles
calor que restou do passado, assim como esse lençol que não pode
[me aquecer numa noite fria.
Eu já não posso me aquecer com essas memórias lençóis.
Eu pergunto aos lençóis qual foi o meu erro, bem como às suas
vestes, aos seus adornos, aos seus livros, às suas flores...
Nada disso me traz resposta. Não a que eu gostaria de ouvir.
Por isso escrevo, como escravo da minha mediocridade.
Inebriado com essa saudade que insisto em relutar.
À noite me pego no celular, ensaiando alguma mensagem,
mas não consigo te enviar... Então as transmito no papel.
[Fuga. Desabafo.