Não venha não
Que sou de paz
Se no mingau tem caroço
Alvoroço eu sei fazer viu
Por outro lado entendi
Que muita coisa tanto faz
Já engoli tanto choro
Fermento gritos em coro
E já sei ler meus sinais
Quando misturo e curo,
Sou índia
Sou terra, sou linda
Sou o que basta ser
Quando me tranço
Sou preta
E jogo até capoeira
E faço a terra tremer
Quando brinco leve
Pivete
Faço da língua, gilete
E sinto o couro ferver
Mas também rodo a baiana
Quando não cabe ser branda
E faço o dendê escorrer
Abro a gaiola
Me empurro pra longe
Mergulho fundo
E não quero nem saber
Mas não sou de ferro, não, viu?
Um afago, um xamego
Fácil, fácil amoleço
E descompasso o coração
Pois sou mesmo
É de paz
Não venha não