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filosofia à sombra de uma mangueira

filosofia à sombra de uma mangueira
Marcelo Eduardo de Oliveira
jan. 15 - 2 min de leitura
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quando disseram-me que eras uma Mangueira

nomeando-a, acreditei conhecer-te deveras, quando ali apenas jazia a verdade.

 

agora, tão próximos, com os olhos de quem desconhece,

sinto - não vejo - caírem suaves gotículas que dão à tua sombra

uma reconfortante e aprazível sensação de frescor, onde antes, era tudo calor!

 

deleito-me em curiosidades ao reparar no brilho lustroso das tuas folhas verdes

já não és só A Mangueira e reparo por inteiro o seu esplendor!

 

sinto a textura porosa dos galhos e do tronco

e as curvas sinuosas das raízes semi encobertas …

 

teu fruto tem sabor diferente, bem o sinto.

resumem - na irregularidade das formas, todas a tuas necessidades e privações:

recursos do solo; estiagens; pragas; insetos...

 

nada que lembre os frutos perfeitos e padronizados das prateleiras dos supermercados

que atendem apenas às necessidades do consumidor!

 

há uma dignidade natural em existir

que faz de ti, mais do que uma simples mercadoria-manga

 

uma dignidade que não reparei ao acreditar conhecer-te pelo que não eras,

tomando-a apenas pelo teu nome!

 

é quase uma violência, atribuir a mim um nome e uma alma e a ti um nome sem alma

essa quase violência, reflete-se nas esquinas e vitrines da cidade

e espraia-se na destruição e exaustão dos recursos do planeta

sugerindo um sombrio e macabro cenário de apocalíptica revanche natural.

 

mas como pode a natureza vingar-se, sendo eu naturalmente parte dela?

 

ao atribuir-me uma alma e um nome, e a ti somente um nome sem alma

torno-a estranha e diferente, mesmo sendo nós partes do Mesmo

 

ao julgar que a tudo conheço - sem ao menos conhecer-me

idealizo o que é, pelo que não é, e perco-me!

 

olho-me no espelho e busco respostas para aquele que vejo

e intuo que não sou aquele que imagino conhecer.

 

o que vejo? o que sinto? o que sou? Diga-me Homo Sapiens…digna-me!

 

                                                                      Marcelo E. de Oliveira

                                                                                Maricá, 29/03/14

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