Depois da flor
Cruzei o cabo da boa esperança
Me tornei pessoa de meia idade
Sei que não sou mais nenhuma criança
Ao menos me confronto com essa realidade
Gozando de pleno vigor intelectual
E intensa inquietação da alma
Mantenho os pés no chão do mundo real
Escavando os segredos da calma
Profundo cansaço do corpo
Novos ais a cada dia
Cérebro sempre absorto
Decompondo suor em poesia
Desvario de mudança sem fim
Já o colágeno travou, anda lento
Tudo bem não ser nenhum querubim
Sem pressa apago meus incêndios
Minhas linhas agora rugas
Sugerem o mistério de quem seremos
Provam que pro tempo não há fuga
Agora já posso brincar no sereno