Livro já calçou a mesa
Num longínquo passado escritor
Hoje calça as certezas
De quem ainda vive de amor.
Podem cerrar-se as nuvens.
Céu tingido de escarcéu.
Podem revirar notícias
Adensando o pesado véu.
Pode ter pandemia dentro
E fora do televisor
Pode haver pensamento
Que assusta o espectador.
Calço a mesa com a tela
Fina ou grossa não importa.
Coloco o livro na mesa
E a inspiração já bate à porta.
Escreva para inspirar
Para deixar a porta entreaberta.
Escreva para girar
A roda da vida incerta.
É livro, é mesa, é vida.
É sonho, é face, exclusão.
Senhor abençoe a lida
De quem ainda busca a visão.