Aos que proíbem e inibem
a arte dos poetas e de todos os artistas
Desejo apenas uma conquista:
o cadafalso.
Que todo governo seja deposto,
e sua cabeça exposta em Praça Pública
Pois a Praça é do povo
e nenhum socorro seja ofertado ao poderoso
ao escravocrata
a infalível gravata
de uma forca
aos preconceituosos
malditos e indecorosos
o degredo e a prisão,
aos que vilipendiam e maltratam aos miseráveis,
ignorantes e maleáveis,
a minha indignação.
Aos religiosos indecorosos e mentirosos
desejo o fogo do inferno
que os tais inventaram
aos padres e pastores, bispos, cardeais e madres,
e aos que propagam o pecado nos púlpitos das igrejas,
a mais malfazeja das sortes,
pois estes fazem do povo gado de corte
Aos que espancam e denigrem as mulheres,
que ainda vivos os enterrem
pois não honram quem os pariu
Desgraçados sejam os homens
que se consomem
na fúria do desamor,
aos que fomentam as guerras
que sejam varridos da face da
Terra
aos que violentam crianças e suas esperanças
a guilhotina
O mundo fedentino e leprosário
impõe ao ser vivente o calvário
Somos simples operários
mal pagos, otários,
culpados
pois permitimos que a miséria
seja nossa cama
e a gente ama o sofrimento,
somos como o jumento
em troca de uma nesga de feno
nos esquecemos de viver.
(DESOLAÇÃO)
Isaac Soares de Souza
Meu coração desolado pela solidão
É semelhante ao Lago Ness,
Em cuja escuridão habita Nessie,
criptídeo descido do inferno,
essa peste incide e investe
contra a felicidade que foge de mim
acabrunhado me refúgio no mais tenebroso recôndito da alma
que implora por uma nesga de calma
apesar da miséria que é a vida
nas águas negras e poluídas
do meu ser
eu ainda quero viver
Nessie é como a peste
No entanto faz parte de mim
A solidão me fascina
Sou ás na esgrima
E o criptídeo nunca me encima
Eu consigo sobreviver!
Pois, mais cruel que Nessie é essa gente imunda
Que habita o mundo
Em profundo retroceder.