A PORTA DO MUNDO
Será que o mundo tem porta?
Se tiver eu quero entrar.
Aqui na escuridão só ouço o chacoalhar
de correntes do fino aço tecnológico
e o riso de hienas graduadas,
bonitinhas, comportadas
que se comprazem em coreografias
improvisadas que enfeitam
as noites ensolaradas.
Onde está a porta do mundo?
Chamei o celular do Kafka
mas sua bateria está fraca,
a comunicação claudica
embora ao fundo ouço
risos imprecisos
de graduadas hienas
que ecoam na escuridão.
Tombaram a porta do mundo?
Mudaram a fachada
tombaram as entranhas
dos vastos mundos
que à nossa volta nos enganam
com a bolsa governabilidade.
Ah, se eu pudesse entrar
no mundo adiantaria alguma coisa?
Talvez eu conhecesse alguém real,
não um fantasma das redes sociais,
não trezentos amigos virtuais.
Uma coisa, porém, me preocupa:
Será que o mundo tem porta?