voo como se já ido fosse
num sopro doce e mergulho no ar
a carne feito verbo, um verbete
onde o outro vê carniça
eu vejo um banquete
não teme a morte o que asas tem
como um navio no mar do céu
sem leme, porém
o túmulo é seu porão
se por outro morto é que o morto se enterra
nas palavras do Cristo
só pelo outro é que existo
por isto, não lhe faço guerra
sobre o mesmo chão
em cada ver, o olhar distinto
o inchaço da pele e chacina
em cada narina, um cheiro
que discrimina primeiro
aquele a que se destina
e como que por instinto
repele por toda a derme:
dormirá por todo o sempre
e o que as aves não devorem
devorará qualquer verme
(Arte: Lucas Lidke)
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