Vulva
a minha planta carnívora se abre faminta
com seus enormes dentes, espalhados
– em sua remota caverna –
espargindo misturados com sua língua
serpente faceira
coberta por seus grandes e macios lábios
vulva viva
perspicaz e sorrateira
expande ligeira pronta para engolir o falo
falo desse sabor doce de folha fresca
servida numa salada crua
a língua acerada lambendo a tua
vulva!
sou a flor e a serpente devastando em marcas
o seu corpo quente
desflorada no jardim
vulva-viva, escorre sobre mim
clitória, minha flor azulada
mãe das flores
flor-vagina
pétala-lábios
herbácea trepadeira
volúvel, perene
escoam dos teus lábios nefastas nascentes
inundam rios de água doce
regam e afogam gentes
como é linda e vulva
pequena, soa inofensiva
a flor é forte
nascem rios do seio do teu útero
planta faminta, intrépida
dá! dá! dá!
dá teu sumo
e te guarda nesse muco
e mastiga, mastiga, mastiga
mastiga até não aguentar