Ele trazia nas mãos
Um pequeno pedaço de vento
Sobrevoavam-lhe as aves
Imaginando transpor
O imenso manto verde
Fixava o olhar
O reflexo devolvia-lhe
Seus próprios receios
Impenetrável
Ninguém jamais alcançara
Num leve movimento
Lançou o pequeno pedaço...
De sonhos e
Por um segundo apenas
Quebraram-se os espelhos
E voou floresta adentro
Guiado pelas sombras
De uma noite sem luz
Desviando-se dos troncos
Que estendiam seus galhos
E na mácula do bosque
O fogo ardia de encantamento
Ave peregrina que voa
Pra dentro de seus próprios olhos
Quando um pequeno pedaço de vento
Ilumina a lua que sempre esteve ali
Dentro de cada um existem
Florestas ou oceanos
Argila, terras pretas e roxas
Lindos parques ou crepúsculos
Pouco importa
Nas mãos de cada um
Existe um pequeno pedaço de vento
Que se transforma em ciclones ou vendaval
Que o leva na tortuosa viagem
Para dentro de si
E tenta voltar em brisa
Semeando palavras que nascem
Diferentes em cada corpo ou interpretação
E no final é o que vale a nós
Levar ao leitor sentimentos tão distintos
Vindos de um simples...
...pequeno pedaço de vento.
Carlos Correa