Uma noite num sonho,
Dois lados de José se falaram. " Eu não aceito, não mesmo, não." Disse o lado que na vida,
No dia a dia comandava. " Aceitar poder ter, muito haver com respeitar "
Retrucou o lado que debilitado,
Todo tempo amarrado ficava.
" Mas não aceito nem eu,
quem dirá o teu"
O comandante livre esbravejou,
E ainda completava irritado.
" Não, eu não aceito."
O outro com olhos lacrimejantes,
Estando ali caído, fraco.
Disse. " Me sinto triste, uma tristeza de fato."
O lado que tanto relutava, gargalhou.
" Hahahahaha! Ahhh! Mas não aceito mesmo."
Um vazio quase consumia
O lado fraco e amarrado
Que pouco a pouco sumia.
" Você se incomoda com os outros, porque meu eu em você, também te incomoda, por isso me sufoca."
O lado raivoso, pego de supetão,
Ficou assustado e nada foi falado.
" Dentro de José, nós dois residimos.
Você me esconde, enquanto se mostra."
Naquele momento as amarras
Se fizeram totalmente fracas.
" Aceitação é uma questão de se estar bem consigo mesmo, coisa que você José ignora."
O José que era escondido
Se levantou e com força berrou.
" Aceite os outros pelo que são, porquê cada vez que você não aceita o outro, rejeita o José que em você morre aos poucos."
Aquele que no começo estava
Todo cheio de fúria irracional.
Calado e de cabeça baixa estava.
" Aceita José, a si mesmo. Se liberta das amarras que os outros colocaram no teu peito."
O José paciente e calmo estava livre,
Mas ainda não se aceitavam.
José acordou num salto,
Assustado e suando frio.
Olho o celular e a mensagem
Do homem que amava havia chegado.
Mas antes de ler apagou,
E novamente se deitou ao lado
Da mulher com quem se casou.
#Poesia #Concurso #Eternizarte #LGBTQ+