Prenderam minha'lma nas nuvens
Dor é o que de mim sobrou
Castigaram-me por actos impunes
Com o passar do tempo...
Meu corpo serviu de estrume;
Que jogaram a um campo
Para fortificar a semente
Que se fará tronco...
Para depois cinzar;
O templo em que meu corpo serviu
Foram os abutres que o devoraram
Ao confessarem seus pecados...
Fui comido bocado a bocado;
Não é certo me terem sepultado
Com o pó do tronco que me foi formado
Andorinhas fizeram festas...
Depois da chuva saudar o sol;
Raio algum pararia o que me dado foi
Com imprudência de santos demônios
Foi chuva que levou gente...
Cicatrizando feridas insaráveis;
Meu eu não sabia o que soube
Fazer aquando morria de leve
Lágrimas... Foi dor que me teve
Castigo que em mim nunca coube;
António Andrade
Pensólogo O Poeta "Lobão"