Entre letras, pingos e pontos me perdi, quando da incessante e quase compulsiva caça de palavras que expressasse o meu dizer.
Muitas encontrei pelo caminho – presas fáceis! Outras me desafiavam, ocultando-se hermeticamente em seus esconderijos semânticos, camufladas entre signos e contextos, mas que seriam a peça faltante do quebra-cabeça do contar.
Tentei blefar, sabotar grafias, premeditadamente transgredir a lei. Que me perdoem os vigilantes gramáticos!
Garimpei por rochas. Com a paciência de ourives, poli palavras e expressões, na ânsia de soltar no mundo o meu eu.
Passei por labirintos. Tal Ícaro, peguei das asas da imaginação e galguei as alturas. Já sem o risco da queda ou da sedução de deixar-me levar pela surpresa da descoberta e mudar de direção. De cima, quem sabe, poderia avistar a peça perdida na densa floresta encantada.
Recuei, peguei fatos de vida, dispersos e distantes, já desbotados pelo tempo. Colori. Dei “flashback” nas músicas que marcaram a memória, tal isca nas mãos do pescador.
Na aventura do me revelar, continuará sempre à frente o desafio da travessia do infinito deserto do Papel Em Branco.
Edna Queiroz - Poeta, Roteirista