As gotículas do degelo,
da geada da madrugada,
refletem o dia, como um apelo
ao meu despertar.
Daquela noite fria,
atormentada por sonhos e pesadelos,
desejo acordar para, então,
as razões de tal limiar encontrar!
Desvendando na alma (atman) a verdade eterna,
percebo-me, preso em ciclos infinitos (samsara),
vivendo intensa ambiguidade,
em um eterno repetir de nascimento e morte.
Nesse momento, procuro a ajuda divina (Brahman),
e, então, estabelecendo um ponto de libertação (moksha)
não sonho, apenas marco minha alma com a liberdade,
enquanto descubro um rumo, um norte...
Confuso, no torpor de acordar,
não compreendo o ensejo...
Mas, percebo que não sei se desejo
de meu desígnio (karman) agora me libertar...
Os hindus geralmente aceitam a doutrina da transmigração e renascimento e a crença complementar no karman. Todo o processo de renascimento, chamado saṃsāra, é cíclico, sem começo ou fim claro e abrange vidas de apegos seriados e perpétuos. Em uma visão consagrada, o próprio significado da salvação é a emancipação (moksha), uma fuga da impermanência que é uma característica inerente à existência mundana.
Pode-se vivenciar esta experiência percebendo que as atenções e humores da consciência desperta estão fundamentados em uma unidade transcendental da ātman com o Brahman (a dimensão essencial do universo). Experimenta-se, diariamente, essa união no sono profundo sem sonhos.