O olhar adentra em júbilo
o decote da tua Jerusalém indefesa
prestes a cair nas mãos de um Saladino obstinado,
que nenhuma cruzada ímpia deterá.
Armada em fúria,
avanços pelos flancos para tuas defesas caírem impotentes
ante a entrega iminente.
Corem, ó filhas dos sem pecado, ante a sanha irrefreável
dos onze generais rompendo as paliçadas,
portões, trincheiras,
colocando abaixo a resistência tênue
de alguns poucos rebeldes sem voz.
Invasão mansa, lenta,
arrebatando para o sétimo céu
os olhos afundados em labaredas.
Respire acalmada, ó filha de Eva,
pelo teu ventre, salivas;
pela tua boca, solidões.
Avante, Pégaso. Invadamos os portões de Tróia.
Adiante, Bucéfalo. Percorramos os Campos Elíseos
banhados de suor, heroísmo e paixões.
Ándale, ándale, Rocinante.
Adentremos as alucinações quixotescas.
Somos grandes por sermos átomos de sonhos, poesia e despudores.
Invasão posta. Jerusalém, nada santa,
prostrada ao lado do herói apátrida.
Um sorriso escorrido nos lábios de ambos,
e um amor recortado, impuro,
perfuma o ar dos montes e vales
ardendo sob o sol aristotélico da Ática sussurrando verões.