Falas de amor, e calo-me da amargura
Por sofrer de amor, sofri de loucura
Por sofrer de vida, minh'alma desata
Nos favos mornos desse vaivém
Sem saber, sequer, amar mais ninguém
Igualmente ao som dessa triste sonata!
Dei tudo meu ao teu caminho
Dei meu coração como tua morada
Dei-te minha alma e meu melhor vinho
Na esperança duma paixão enamorada!
Perdi tudo o que me pertencia
Perdi tudo no ignoto estribilho
Perdi a ti e, junto, o resto de meu brilho...
O teu olhar, duramente, me sentencia
Às prisões de eterna caminhada
E sinto que andarei sempre nessa estrada
- Na lembrança de que tu me esquecias
Nisso, meu inferno se chama "dia"
E de dias e meses, a consciência é destroçada!
A estrada triste em que nada florescia...
Tudo o que plantei, somente morreu
E nela, apenas minha tristeza crescia
Por um coração que nunca me pertenceu!