Sinto que a morte então me abraça
Tanto pensei, fatiguei, trabalhei
E me vem essa perpétua desgraça.
Toda vida já não tem certeza
Torrentes, parentes, amores
Tudo me apedreja.
Não sei viver na incerteza
,De vida ou de morte, é vã segura.
Não há mais na vida formosura,
Nem no céu há mais beleza.
Estou há tempos, enclausurado
Não vejo nas letras mais ventura.
Há em todos um nojo persistente
Medo de contaminar-se com humanidade.
Os olhos me olham com maldade,
E os dedos trabalham com vergonha.
Como a vida me tortura.
Se eu hei de morrer, que seja já
Não existem mais poetas,
Tampouco sabiás.
Se Deus lê esse texto;
Senhor, levai-me já
Não quero mais penar sob o seu criar.
J.P.S.S