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RENDIÇÃO

RENDIÇÃO
MARIO SERGIO DE SOUZA ANDRADE
Aug. 3 - 2 min read
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Mesmo que eu estivesse na praia dos anjos,

Que navegasse em ondas remotas

Ou vestisse a carapuça dos magos,

Eu nada seria sem o amor dos homens.

 

Se minha rendição trouxesse a paz,

Se eu pudesse estabelecer a conexão

Entre o mundo e a voz,

Se pudesse criar a verdadeira comunhão,

Ainda andaria atrás de um nome.

 

Se eu soubesse de onde venho,

A quem eu sirvo,

A que me presto

Ou mesmo se sou o resto de um todo,

Estaria entre as partes do vazio.

 

Eu poderia criar o semblante daquela estátua,

Poderia lhe dar a cor rubra do sangue,

Poderia entalhar olhos azuis,

Lapidar os braços mais fortes,

Dar-lhe dentes para sorrir,

Pernas para correr nas trincheiras,

Ainda assim seria pedra.

 

O mesmo na tela.

Onde a nuance segue à esmo,

No ritmo inconstante

De um céu que muda a todo instante

Em consequência dos ventos bravios

Que trazem chuva e frio,

Pincéis descarnados de alma.

 

A calma do mundo não depende de mim.

 

Mesmo que entre as trombetas

Meu canto ainda se ouça,

Peço aos surdos que me convençam

A manter contato com os deuses

Na esperança que desça dos céus

O véu que cobrirá a terra

Na incólume tentativa da morte,

De romper com a sorte do tal destino.

 

Ileso da visão do medo,

Peço que as cruzes que se pregam em meus passos

Apontem para o chão,

Lugar que me deito de braços abertos.

 

Ainda que eu grite

Degolando as artérias em aflição,

Sem o amor dos homens

Encontrarão sangue

Nas linhas das minhas mãos.

 

#Concurso #Poesia #Eternizarte


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