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Que Saudade do Meu Sertão

Que Saudade do Meu Sertão
Ana Priscila Panza dos Santos
Jul. 9 - 2 min read
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Dois quartos. Dois lugares.

Duas casas. Duas vidas.

Outra casa.

O dinheiro corre como a água no sertão.

 

Dois bodes. Duas cabras.

Uma vaca.

Seis filhos sentados no chão.

 

Uma pensão. Outra vida.

Outro destino.

Quanto vale o seu corpo no mínimo?

 

Uma terra seca e singela.

Uma cobra preta e amarela.

Um porco coroado de espinhos.

Os urubus têm um grande ninho.

 

Dois rapazes. Uma jovem.

Fogão à lenha. Comida miúda.

Uma senhora. Um senhor.

O que é preciso para não sentir dor?

 

Uma biqueira. Um sol de rachar.

Pedras em todo lugar.

Pés descalços a trabalhar.

O que o homem não faz para não desmoronar...

 

Um cacto. Um formigueiro.

Várias carroças unidas em fila.

Quanto uma delas deve agüentar?

 

Uma estrada.

O destino está em suas mãos.

 

Posto de gasolina. Restaurante.

Igreja. Hospitais.

Sorveteria. Delegacia.

Milhares de lojas, prédios e moradias.

 

Uma prefeitura. Vários clubes. Farmácias.

Escolas. Bibliotecas.

Supermercados. Lanchonetes.

Museu. Cinemas. Teatro. Universidades.

Motéis. Hospedarias.

Quanta ousadia!

 

Ruas. Avenidas.

Semáforos. Viadutos.

Veículos de todos os tipos.

Há espaço para aquelas carroças unidas em fila?

 

Uma negra. Um branco.

Um casal.

Um encontro desconhecido.

O que será desse recém- nascido?

 

Lugares obscuros.

Homens que perseguem como bichos.

Gritos e súplicas.

Mais uma vida em apuros.

Como o ser humano pode ser tão estúpido?

 

Céu cinzento.

Usinas a todo vapor.

Busca pela perfeição.

Alguém pensou na natureza e em seu próprio coração?

 

As carroças sumiram.

Onde foram parar?

O único jeito foi subir o morro

Ninguém pensou em ajudar.

 

Desolados eles estão. Um sonho virou um pesadelo.

Sem emprego, sem dinheiro, perdidos nesse mundão

Caem em desespero e chegam a uma conclusão:

“Que saudade do meu sertão. Tínhamos nada e tudo ao mesmo tempo”.  

#Poesia #Concurso #Eternizarte

 


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