AOS PÍNCAROS DESTA PÁGINA FINDA
O que podem, palavras deitadas sobre papel, exercer em seus ofícios de realizações efetivas?
Arrebatar corações e mentes, insuflar tentames, modificar direções e conceder anistias?
O que podem efetivamente delírios em poesias conseguir, de Espíritos em vigílias?
Iluminar os caminhos, entreter momentos, adiar compromissos, semear ventos?
Recriar pássaros e borboletas, fazendo-os serem letras, em palavras vivas?
Ou, ainda, preencher, apenas, esse branco que, vazio, nada assim seria?
Ora, pelas dúvidas inquiridas, preenche tudo, e deixa que o tudo siga!
Pois nada deitará aqui ainda se pássaros e borboletas não vierem!
Pousar nos dedos que, indecisos sempre, sussurram os ventos!
Simulam os céus, tão infindos, e partam arredios, subindo!
E subindo e subindo, aos píncaros, desta página finda!
Pois, em tempos de pandemias e enclausuramentos!
Os dedos serão asas e, esta página, céus infindos!
Que, de cima abaixo, descerão apenas subindo!
Despejando as letras, mas soprando aquelas!
Para que partam acima como se aves livres!
Dessas quatro paredes, gaiolas modernas!
E a pandemia sendo os suaves ventos!
Transformada, e assim esquecida!
Sendo liberdade e não tirania!