PAN
então só eu num quarto
só eu atendido e nem tão rápido
é... só eu e um fardo
sem toques, sem abraços
empacotado
isolado
só eu e este fato complicado
agonia, tristeza, dor, calor
furor, haustos... haustos...
o corpo em pausa...
chumbado
só eu e a VIDA
sutilezas
a sua quintessência
um soco encostado no queixo
escorado no braço
que apoiado na perna me flagra na
dissolução dos conceitos
só eu e este mundo
um tudo de pessoas que me leem na palavra espelho
que vibram para que a vida vença o caos
o corpo vença a matéria
e a verdade o invisível
...
agora mais calmo
uma gota, um respaldo
OS OLHOS...
é dia, é alto
entoam pássaros no varal elétrico
o sol invade a janela
borboleta em minha face
...
“ACHOU SUA FLOR, PEQUENINA?”
de minha gota compartilha
tão visível, tão linda
de repente eu, que era só
simples aventureiro de idas e vindas
descobri, lá no fundo da experiência
lá no âmago da sapiência
bem no plexo das emoções
o motivo de uma vida brevemente isolada:
olhar o mundo do avesso e aceitar,
ainda que sem entender,
a potência positiva do caos
***
agora é olhar para frente
ter mais ciência futura
tanto mais consciência da luta
aperfeiçoar a arte do cuidado
e lembrar, com gratidão, todos os sacrifícios
agora é sentir-se mais gente
manter-se prudente, transpor as dunas
pois quando de fato surgir a cura
e soerguer a vida, sorridente, uma a uma,
olharemos o poente em paz e fortaleza
ciciando na breve brisa
toda a força construída
ao novo tempo que nos espera.
#Poesia #Concurso #Eternizarte