Parece que o mundo anda estranho
Compramos remédios sem estarmos doentes
Ficamos doentes por medo da doença
Morremos exaustos por falta de remédio.
Mendigamos amor de porta em porta
Enxergamos valor em palavra torta
Aliviamos a dor com anestesias de caos.
Entorpecidos e ofegantes
Cabeceamos com força a ilusão
Destilamos veneno em tudo
Que seja fruto de separação.
Queremos alívio e alento
Queremos vacina e alimento
Queremos trégua na provação.
Mais uma vez estamos mortos.
Senão por fora, por dentro.
Vagamos nos dias inertes
Nas armadilhas do tempo
De repente, um susto voraz
Olhamos de cima e em paz
O todo, o tudo e o medo.
Haverá movimento e calma
Há perfeito fluxo na alma
De quem conhece o segredo.
“Refugiem-se na arte”
Clama a divina parte
Que não desiste de lutar.
Quebrem-se os potes de barro
Nasça o brilho no ato
De quem se arrisca a criar.
A luz ninguém controla
Quando chega é a hora
De nos tornarmos sempre Um.
Vivamos de verso em verso
Seguros pois algo é certo
Um dia há de passar.
Cuidemos da pandemência
Pois resta em nós a crença
De que precisamos da escravidão.
Somos livres quando doamos
Tempo, afeto e pão
Somos lúcidos quando expandimos
O que vem do coração.
Somos um sempre em compasso
E com profunda devoção
Receba meu doce abraço
Pra continuar a missão.