Se todos os seres racionais fossem humanos
Um tapete vermelho estenderia ao preto
O preto que como todas as cores
Está em todos os lugares
Mesmo que tentem descolorizar
A honra não se deve por maior valor
Mas a cor que existe
Precisa resistir
Já foi separada em senzalas
Açoitada e posta como detalhe
Como se a escuridão da noite fosse treva
Se é dela que brilha as estrelas
A branca chorando o amor não correspondido
Enquanto a preta chorava as chibatadas sem sentido
E mesmo a redenção colocada como favor
Que horror
O preto não tinha casa na caixa da cor
Precisou criar seu próprio lar
Mesmo com toda a qualidade interior de ser
Não era
Não entrava
Não entra
Mas vai denegrindo as ruas
Porque se isso é tornar escuro
Então é bom
Preto não é mesmo igual
Porque sendo feito do mesmo material
Precisa aprender a levantar a moral
Atravessar o portal
Fechado, lacrado, disfarçado
Preto resiste na aquarela
Nessa paleta da vida
Preto faz parte, misturado ao branco faz cinza
E com outra cor prevalece
Porque precisa resistir
Não era pra ser
Se todos os seres racionais fossem humanos.
Marcos PRETO de Sá