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O VIVEIRO

O VIVEIRO
Beatriz Huguenin Barros
Jul. 8 - 2 min read
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A existência é vela acesa durante vendaval – é a oportunidade única de ver  na escuridão e o milagre de, apesar da instabilidade, queimar. A existência é inverno russo – é a intensa ausência de calor e o insuportável inevitável a que se acomoda gradativamente. A existência é a grande possibilidade que sempre se finda e que pouco se aproveita. Ela é o pássaro, de asas longas, que berra atrás das grades. Ela é a realização não comemorada. Por si só, ela é o presente recebido que não foi aberto.

A vida não. A vida é mais. A vida é muito. A vida é queimada natural que se espalha rapidamente com o vento – é a intensidade súbita e irrefreável. A vida é brisa leve e repentina nos cabelos concomitante ao fechar dos olhos. A vida é sorriso arrancado. Ela é chuva de verão carioca e é primavera japonesa– é o refrigério do insuportável e a visibilidade do nascer de uma nova fase.

A fase em que se abre o presente e o aproveita. A fase em que se superam os temores dos desastres naturais da existência e, sem demora, dispõe-se a viver. Dispõe-se a correr riscos. Dispõe-se a voar alto. A fase em que se percebe uma verdade incontestável, que não se estampa em outdoor, tão pouco em capa de jornal – Existir é receber a folha em branco. Viver, na verdade, é preencher essa folha com algo. Com cor. Com amor, com sabor. Com dor. Condor.

Viver é preencher a existência livremente, com o que quiser, sem qualquer gaiola. Porque é possível existir se limitando, mas viver não. Viver é mais. Viver é muito. Viver é tudo que se é de fato; existir não basta.

Antes não existir, do que o tempo passar sem estar vivo.

 

 

 

 

▪︎ Beatriz Huguenin Barros  @behuguenin


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