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O “Seu Ambrósio”, a internet multissensorial e a groselha - Tem um pipoqueiro perto de casa que aceita PIX

O “Seu Ambrósio”, a internet multissensorial e a groselha - Tem um pipoqueiro perto de casa que aceita PIX
Sérgio Pacheco
Mar. 22 - 4 min read
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O trabalho virtual tomou proporções inimagináveis durante esse período de pandemia. Aos poucos estamos voltando ao trabalho presencial. Mas o mundo do trabalho nunca será o mesmo.

 

E o que falar do futuro da tecnologia? São tantas novidades que me assusta. Novas palavras, novos significados: Metaverso, NFT, Web3, criptomoedas, blockchain, internet das coisas, realidade aumentada, realidade virtual. O futuro será cada vez mais digitalizado. Isso não é uma premissa, é simplesmente a realidade. De muitas formas, esse futuro já chegou.

 

No passado, o desenvolvimento da indústria automobilística mudou o mundo. E vieram as transformações sociais. A adaptação das ruas e estradas para receber os automóveis, e a mudança urbanística das cidades, que foram se adaptando ao novo paradigma. Hoje, a chegada do modelo “Uber” e outros aplicativos, revolucionou a forma de se deslocar nas cidades. Em vários países, como aqui, carros elétricos já circulam pelas ruas. Quando será a vez dos carros voadores?

 

Mas nem tudo são flores. Não se iludam. Os automóveis à combustão ainda são responsáveis por quase toda emissão de CO nos grandes centros. E o modelo “Uber” de mobilidade urbana está “fazendo água”, não consegue mais pagar os impostos e as suas contas, nem ao menos os direitos trabalhistas de seus “colaboradores”.

 

Ainda sobre o futuro da tecnologia, tem a internet multissensorial, que promete trazer cheiro, gosto e toque para a Web. Imagina a cena: “em cima da mesa um aparelho que é ligado a um smartphone para liberar o cheiro de uma pessoa quando ela manda uma mensagem para você ou posta em seu mural do Facebook. Há também uma caixa de acrílico onde você coloca a língua para sentir sabores enviados pela internet. Finalmente, há um pequeno aparelho de plástico e silicone com um sensor de pressão e um pino móvel no meio. É uma máquina de beijo à distância: você beija o aparelhinho e os movimentos de sua boca e lábios viajam pela internet até o aparelho idêntico do seu parceiro – e vice-versa”.

 

O dia que for possível fazer sexo virtual será uma catástrofe!

 

Mas na contramão dessa história toda tem a poesia cotidiana. E tem a estória da menina Ana Luiza, a caçulinha, a adolescente da família de oito irmãos. Era o xodó do papai, o “Seu Ambrósio”. Um homem com sessenta e poucos, mas aparentava setenta, ou mais. Ele viveu a juventude na roça, lidava na lavoura de café, no sol quente. A pele branca foi judiada pela ação do tempo.

 

Era quase analfabeto, o “Seu Ambrósio”, mal sabia desenhar o próprio nome. Mas tinha orgulho de ver os filhos criados na cidade, todos estudados. A casa tinha conforto e gente entrando e saindo o tempo todo. Tinha até computador e internet.

 

Um dia, o pai chamou a filha caçula no canto e trocaram confidências. Disse o “Seu Ambrósio” à moça que ele não tinha coragem de ter aquela conversa com mais ninguém na casa. Então a Ana Luiza ficou muito preocupada. Seria o caso de uma doença grave, coisa de dívida ou algo parecido? Não. Era somente uma pergunta simples.

 

E sussurrou o pai no ouvido da menina: - Diz pra mim, minha filha, o que é esse tal de um e meio que todo mundo fala? Eu não pergunto pra seus irmãos é porque eu tenho vergonha. Em você eu confio!

 

A filha, cheia de afeto, num misto de alívio e vontade de rir, deu um suspiro e um sorriso carinhoso. E tratou de beijar o rosto manchado do velho e explicar ao “paizinho” o que era correio eletrônico.

 

Moral da história: nesse mundo que briga pela supremacia do virtual, tem coisas que pegam e outras que não. Por enquanto, posso testemunhar a realidade: tem um pipoqueiro aqui perto de casa que aceita PIX, o “dinheiro eletrônico”. Essa invenção pegou!

 

Mas, em matéria de tecnologia virtual, tem algumas previsões que certamente daqui há 10 anos serão apenas groselha.


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