Imagine uma bailarina.
Um campo aberto,
Grama verde,
Pés descalços.
Lá ela escolheu para dançar.
Extremidades do corpo sentidas.
Cada alongamento alinhado,
Cada articulação percebida.
E ela dança,
Regozija-se.
Olhos fechados,
Entrega-se,
Goza seu domínio estrutural.
Percebe-se.
O som do vento presente
Mistura-se com os açoites
Dos braços e pernas no ar.
Ela vibra essa interação.
Saltita entre as memórias
Fragmentadas no tempo.
Em cada lembrança
Sente uma parte do seu todo.
Entre tombos e recomeços
Aprendeu a sentir-se completa.
Ela conseguiu.
Deixou de ser estilhaços,
Tornou-se seu melhor habitat.
Percebeu-se.