Das dores e amores que sinto
Tudo o que vivo é apenas meu,
Das coisas que falo e que digo
São amores apenas meus.
Das cores que enxergo
Os brilhos, quem vê sou apenas eu
Dos cinzas das minhas roupas
Quem cuida sou eu
Quanto sabão na máquina
Para não desbotar o amor?
Sua quantidade de água
Para regar a minha dor?
Quanto de arroz na panela
Faz um jantar sem cor?
Dos ventos e a que horas
Eles levam minha dor embora?
Não pense que é capaz
De entender as arestas
Se tudo que te permito
É se esgueirar pelas frestas
Para quê guardar
o amor, A dor e os restos?
Se apodrecem na geladeira
A espera de um nobre gesto?
Nada nem ninguém
percebe O mundo
com os meus olhos
Se na pele,
apenas eu,
sinto as texturas.