“Se soubesses de tua potência,
não te acharias assim tão pequena”,
disse a árvore à semente
para revelar-lhe a grandeza
que a longa espera acalenta,
desde o solo, solenemente.
“Se nascesses assim alada e colorida,
furtarias da natureza o mais lindo milagre”,
explicou a borboleta à lagarta
que, mal sabia, terá outra vida
tão logo a primavera sagre
a metamorfose já anunciada.
“Se no ovo coubesse tua futura envergadura,
a casca seria do tamanho de um iglu”,
falou a condor ao filhotinho
que já queria ir à grande altura,
lutar como um guerreiro zulu
e trazer comida para o ninho!
“Calma, meu bebê, você tem apenas
um pouco mais do que uma tonelada”,
sussurrou a jubarte à recém-nascida baleia
que nadava fraca, às duras penas,
sob a imensa sombra azul-prateada
que ao fundo a mãe projetava na areia.
“Mesmo pequena, no vaso, a árvore cresce.
Como outra qualquer, demora, mas amadurece”,
confidenciou o mestre ao jovem aprendiz
da arte do bonsai, a árvore anã que floresce,
fecunda-se e, enfim, bom fruto oferece,
pois é adulta na copa, no caule e na raiz.
“Para crescer, qualquer alegria
tão somente precisa
de quem primeiro sorria!”,
completou o poeta à menina
que lia o poema sozinha
e logo percebeu que tinha
muito mais do que companhia:
todos os que com ela sorriram
ao fim deste mesmo poeminha
e com o sorriso contribuíram
para crescer sua nascente alegria!
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