Não me venha falar de Leste!
Você me pede para sentir
aquele vento que vem do Leste.
Só que eu o sinto a muito tempo
molestar o meu puro oeste.
Do Leste veio o homem branco
com fogo, doença e metal.
Do Leste veio aquela febre
herança da guerra mundial.
Do Oeste se foram os nativos,
pelo sangue derramado ou misturado.
Do Oeste se foram nossos tesouros,
comprados ou talvez saqueados.
Mas do Leste veio o nosso rei. Não é.
Fugindo de outro, nem tão grande assim,
que vinha mais do Leste ainda.
Pensou o rei "Ora pois, aqui vai dar ruim ".
E para o Oeste vieram se esconder
deixar a selva guardar a sua nobreza.
Enquanto seu povo morria nas ruas
as raposas fugiam na sua esperteza.
Até deus veio do Leste dar um oi.
Se lembrou desse continente, por acaso,
onde os índios adoram o trovão
e do criador do universo fazem pouco-caso.
E daqui foi trocado o amor pela terra,
a "salvação" pelo coração de Jaci.
E daqui foi trocado o respeito pelo passado,
o "poder" para quem caçar o Guaraci.
O tempo se foi no sentido anti-horário
tornou globo o que era plano.
O novo mundo se tornou espelho do velho,
menos para o povo sul-americano.
O Vento passa sem se importar.
E os que eram oeste viram leste
de uma forma bem metafórica
se tornam uma nova peste.
Mas tudo isso e um grande engano meu.
Que culpa tem um povo ou direção
se alguns homens a bussola moral
escolheu navegar pelos mares da ambição.
E mesmo hoje se um dos quatro chegar
em um cavalo branco no grande oriente,
não cabe a mim falar bobagens por aí
que nem o filho de um certo presidente.
Deixo a certeza para o homem vazio.
Apenas eu espero o aliado invisível
passar de mão em mão a esperança
e me encher de dúvida a alma insensível.
Me resta apenas levantar a vela e rezar
para que a superstição e a lógica vençam.
E aonde iniciou, comece a terminar
E o velho oriente nos de a sua benção.