Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
BACK

METONÍMIA: PARTE-SE PELO TODO

METONÍMIA: PARTE-SE PELO TODO
Beatriz Huguenin Barros
Jul. 2 - 2 min read
01090

Encostei a cabeça no travesseiro
Senti gosto de sangue
Não sei definir meu dia
Mas acho que matei algum gigante
Muita coisa em mim é relativa
Depende do ângulo
Mas um fato é: meu eu primitivo é alma viva

Importa a sobrevivência
A manutenção da essência
Podem e vão
Surgir impedimentos
Muitos
Que vão se dar ao trabalho de dar meia volta
Ou então rasgo-lhes a pele,
Jogo o sangue na comida
E vou me abastecendo

Dificuldade não passa de condimento
Tamanho de problema não assusta
Arranco as pernas, puxo pela raíz, pela base e assopro:
Não aguenta a força dos meus ventos

Com o passar dos tempos
No meio dos traumas e das dores
Enterra-se o eu primitivo
Embaixo de um punhado de flores
Aquela parte eu que não mede esforços
Pelo todo
Então passa-se a acovardar, fugir
Até a se fingir
De outro

Mas quando se chega ao estado de quarentena
Quando me isolo comigo
Desenterro o que de mim estava morto
Eu ressuscito

Onde já se viu?! Animal selvagem acoado, desprotegido?!
É instintivo querer ficar vivo!
A ameaça agora pode até ser outra
Exigir mais luta mental do que corporal
Mas não há libertação ao tirar a vida
Por os dias estarem muito sofridos
Um tanto que só cada um sabe
Já que o sofrer é sentido e não medido

Posso chorar, ficar muito triste, pensar algo mau
Sentir o peito transbordando uma dor infernal
Mas depois disso, é secar o rosto
Jogar as lágrimas na terra
Regar, da potente dor, o que de mim me carrega
E me empurra para a frente da guerra
Sussurrando em meu ouvido:
Vá ganhar sua luta interna

Não sei se o sangue na minha boca é meu
Ou do que me tem atingido
Mas, certamente,
Se não derrubei nenhum gigante
Não caí por me autodeclarar vencido.


#Poesia #Concurso #Eternizarte


Report publication
    01090

    Recomended for you