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Leões Não Falam

Leões Não Falam
Jefté Michel Dantas
Feb. 17 - 3 min read
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No alto do monte havia um leão de pelos negros que de tão sublime estava coberto pelo dourar do sol.

— Não se pode mais ter paz por aqui? — indagou um outro leão que passava por ali.

— Claro que sim! — respondeu o Leão negro.

— Já eu discordo. Veja em volta; tudo isso não passa de um convite ao caos. Tantos desastres, catástrofes e armadilhas; onde vamos parar assim?

— Sabe que eu não sei? — respondeu novamente o Leão negro com uma calma que não há.

— Não sabe? É assim que você vê as coisas? 

— Sim, prefiro vê-las de uma forma não cética, acho que é bem melhor assim. Bem melhor que estar frustrado com coisas que já não cabem mais a nós. Você acha mesmo que é relevante se frustrar com isso?

— O que eu acho é que nada vai melhorar se não fizermos a melhora.

— Você tem razão. Mas... de onde vem a melhora?

— Creio que deve vim de todos.

— talvez sim, num mundo ideal e perfeito. Porém, aqui as coisas não são assim, todos querem um pedaço do que está logo ao seu lado; ninguém aqui é de se confiar tanto. Mas, que tal se fizermos a melhora vim a partir de nós mesmos e não esperar tanto assim do outro?

— Talvez isso funcione.

— Pode apostar que sim. Eu sei que essa savana está um caos, afinal de contas, não é sobre negar o que vemos, e sim, sobre aprender a lidar mediante as coisas que vemos.

— Estou de acordo, meu caro amigo!

— Enfim, é melhor eu ir, já estão vindo aquelas criaturas que amam nos observar. Qual o nome delas mesmo?

— Li no Savana Center dessa semana que o nome deles é "seres humanos", ou algo assim.

— Interessante! Mas não esqueça da regra, ok?

— Claro que não vou esquecer da primeira regra da selva: boca fechada. Afinal, os leões não falam — gargalhadas

— pois então, mas aqueles papagaios fugiram da regra, as vezes penso em fugir também. Sei lá, e se for algo bom pra gente?

— Acho que não, amigo, já nos matam sem nem sequer falarmos, imagina como seria se a gente começasse a falar com eles. Um desastre!

— De acordo então, vou indo.

— vai com fé, amigo! E cuidado com aquelas "balas perdidas" que sempre nos acham.

E assim os dois leões seguiram seus rumos.


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