O trem parte da estação num destino vão e incerto,
Certo, há somente a rota presa por seus dormentes
Marcando sua trilha e acorrentando-o sem correntes
O futuro é impreciso e quase sempre encoberto.
Na janela, ao longe o sol brilha, rompendo as montanhas
O sábio protege-se dos raios, habitando suas sombras,
Esgueirando-se pelos corredores, já um tanto cansado,
Elas agora também são passageiras, juntas ao meu lado.
O vento que embala as árvores lá fora, rasga o céu,
O espaço se enfumaça, com marcas voando ao léu.
Em seguida a locomotiva diminui sua velocidade,
Uma breve parada me aguarda, uma nova cidade.
Novos destinos agora se cruzam nos vagões,
Ajeitam-se por entre os corredores, espremidos
Viajantes audazes, alguns procurando soluções
Muitas idas e vindas, outros já vão esquecidos...
Como testemunhas só o meu olhar e a minha memória
Soa o apito, e lá vou eu, rumo ao meu incerto finito.
Queira Deus, que eu mantenha a minha trajetória,
E, no final da linha, encontre um descanso no infinito.