Fugiu para o oco do mundo
por uma escada
sem fim.
Abandonou seus inesquecíveis botões
de roupas e de rosas.
Fugiu para o espaço sideral
abocanhando planetas,
num vento sem começo.
Deixou suas queridas estradas
de terras e de pedras.
Fugiu para as montanhas imensas
galgando precipícios desesperados
em sapatos de solas rotas.
Esqueceu seus tênues hábitos
de cachimbos e espelhos.
Fugiu para o fundo do mar
numa caravela avariada
sem leme e sem velas.
Traiu seus filhos e amigos.
Fugiu para um deserto cálido
sobre rodas assimétricas
sem norte e sem freios.
Negou o adeus ao seu fiel cachorro.
Fugiu para dentro de si
para de lá não mais sair...