Eu vivo no limite
Da transição do claro
Até o mais sólido escuro
Do amor incondicional
Ao desafeto calculado
Da indignação naturalística
Até o mais extremo desvario.
Eu vivo no limite
Da tolerância mais benigna
Até a verve irascível
E tênue do revolucionário.
Mas quando a tenra superfície das águas
Acena com a paz de todos os sentidos
Quando a terra fresca e tépida
Massageia a sola dos meus pés desgastados
Quando a grama macia e aveludada
Dispersa seu cheiro adocicado e inebriante
As fronteiras da bipolaridade estremecem
A consciência paira tranquila e imune
às transformações
A atmosfera cálida e serena reduz
a pó todos os conflitos.