Na sombra solfejo,
enquanto o homem lá fora,
sem nunca ouvir Pitágoras,
levanta pá;
carrega areia;
constrói casa.
Nem pensa em dó de si,
lamento não canta,
só ouço a pá.
A obra é longa,
a vida breve.
Pequeno fato,
me deu a nota.
Homem massa,
reluta com a pá,
domina a matéria.
Repenso o choro,
a lágrima não seca.
Irriga o terreno
onde nasce a flor noturna
após a procela.
Abro a janela.
(Maria X)