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Emergir

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Maria Carolina Farnezi
Aug. 21 - 2 min read
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Seria uma enorme hipocrisia dizer que a quarentena está acabando comigo, talvez eu mesma faça isso. Mas ela acaba tornando os tormentos existentes mais vulcânicos, urgentes, como quase sempre sou.

Ainda que eu seja água, minha lua em áries não me deixa mentir. Então acabo por sentir, só sentir.


Embora impulsiva, tento extrair de mim uma razão que nunca me coube, que nunca vesti, nessa pele que exala uma pá de conflitos que não quero digerir.

Tenho vomitado bastante, e a cada instante, uma ânsia toma conta de mim, para limpar as dores e assim não precisar mais performar a mulher do fim.


Me inicio a cada despedida, a cada partida. E o isolamento que existiu em mim, antes mesmo desse tormento, agora pede um alento. Pede um toque seu, que tampouco conheço, uma energia vital que por vezes se ausenta, sua presença pujante, ainda que distante.

Preciso sentir calor, do sol, de você e do respiro que as ruas sempre me deram, sou temperada delas. Enquanto isso escrevo, quando exausta, adormeço, às vezes sequer me pertenço, e por hoje, é só mais um recomeço!


Então não me esqueço, nem sempre esmoreço, me transmuto em Sankofa, olhando para trás para ressignificar o futuro, por isso me curo, para te curar, te curo para me curar.

Esperançar agora não se trata mais apenas de verbo. Portanto rezo, não é sobre credo, é sobre pertencer a este universo. Fazer dos meus versos, subversão, para nossa existência não ser mais a dispersão do não lugar.

Em alto mar, não mais me desespero, pois habito aqui, lá e acolá, por fim, habito em mim. Existindo onde couber afeto, paz aos meus, profetizo. Pois navegar é preciso, mas viver meus caros… Viver também é preciso!

 

#Poesia #Concurso #Eternizarte


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