A vida começou como um sonho pequenino.
Lembro, fotografada pelos meus olhos de menino.
Como um retrato em preto e branco que havia
Numa lembrança que me chama, de noite e de dia,
Trazendo saudades daquela infância sabor de anis,
Que ficou marcada, embalada ao som de Elis
Porém, cada infância tem uma lacuna, uma cadeira vazia.
Uma saudade ainda maior, a qualquer hora, a qualquer dia.
Aquele abraço, aquelas palavras... Nunca mais.
É triste perder alguém como nossos pais.
Buscar forças e consolo, então, foi o que fiz.
E tudo eu encontrei, embalado ao som de Elis.
Num caminho de altos e baixos, limites para superar.
Só Deus é quem sabe. Nunca será como antes, ou será?
E como um suave murmúrio, eis que ela surgiu: essa mulher.
Amante amiga, verdadeira companheira para o que der e vier.
E assim, o amor plantou em mim a sua raiz,
Que me tomou e me satisfez, embalado ao som de Elis.
Tento fazer as coisas que gosto, achar a felicidade,
Brigar pela justiça, disseminar a igualdade...
Viver intensamente, mas deixando a minha herança;
Redescobrir o prazer em de novo ser criança,
Orgulhoso e realizado com a melhor obra que já fiz.
Para, enfim, chamar-te você, querida filha, de Elis.