Devora-me, como o vento e as ondas vão devorando e consumindo as encostas dos morros e rochedos.
Devora-me, como se tu fosse um animal selvagem e eu a sua presa abatida.
Devora-me, como faz a neve branca e gélida que se espalha pelo campo,
consumindo as pradarias e a relva verde.
Devora-me, e consome toda a minha carne e sangue, como os abutres e hienas
o fazem nos vastos pastos da África.
Devora-me, como se eu fosse a sua última ceia.
Devora-me, como se tu fosses um predador, me destruindo e aniquilando as
minhas forças.
Devora-me, como se fosse um vírus, um cancro, que vai aos poucos corroendo
meus ossos, células e todo o meu corpo.
Devora-me, como se fosse um monstruoso atroz, bárbaro e cruel que vai
destruindo tudo por onde passa.
Devora-me, até não mais restar fagulhas ou centelhas deste meu ser.
Devora-me, e depois enterra as minhas sobras, meus restos, e o que restou de mim ou incinere-me e jogue minhas cinzas ao vento, ao leu, para que eu possa ser lembrado pelos quatro cantos deste mundo.
Devora-me e depois de saciar a tua fome e sede, lembre-se que estarei dentro de ti e você em mim!
Devora-me...
Luiz Francisco Bosquiero ( maio 2020 )
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