Dançam palavras ao vento
Voam sílabas aladas pelos ares
Em busca de novo alento
E de santos alegres para os altares.
Na dança das palavras loucas,
As frases sofrem todos os falares,
Mas ficam os santos bem serenos,
Pois tiveram em vida os seus azares.
Despencam as sílabas nos voos,
Liberam as lágrimas de seus pesares.
Já não vivem felizes os pensadores
Nem liberam poetas novos cantares.
Dançam substantivos e verbos,
Afogam-se os adjetivos nos mares.
Pobres conjunções e advérbios
Mal aliadas a muitos penares!
Na eterna confusão dos versos,
Rimando em pobres e fracos pares,
Restam apenas resquícios da arte,
Exaltada nos antigos e felizes lares.
A água da poesia verte da fonte
Para irrigar a alegria dos pomares.
Poemas são árvores frutíferas
Onde cantam os sabiás aos milhares.
Credos, crenças, crias, cruezas;
Misérias, medos e lautos manjares;
Letras, lutas, limbos, loucuras;
Mas os bêbados sustentam os bares.
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