Eu olhei.
Olhei daquela varanda,
Olhei para as árvores, para o céu, para a grama,
Olhei para dentro de mim.
Eu vi.
Eu vi que a solidão me abraçava,
Que as raízes cobriam meu leito,
Que minha cabeça repousava sobre uma pedra.
São essas conclusões que me sufocam,
Elas me fazem ver, que nada adiantou,
Que tudo em mim mudou,
Que o mundo se tornou eu e que tudo vive em mim.
Ah se eu pudesse,
Arrancaria essa nuvem escura daqui de dentro,
Me faria repousar
No dilúculo do dia e não na noite sombria.
Está doendo.
São inumeras sensações e emoções.
Arde, queima, eu grito e choro
Eu não sou perfeito!
Não diga que estou louco,
Pois sei que devo estar.
Mas cada louco tem seu motivo,
O meu motivo eu torno a ti falar.
Meu quarto é escuro,
Parece uma cela vazia.
Lá não tem dia, só vejo a noite,
E meu travesseiro é pedra e minha cama são raízes.
Elas me sufocam,
E chego a pensar que nada adiantou,
Estar aqui não melhorou.
E essa confusão em minha mente me cansou.
É que o mundo sou eu e tudo existe nele,
Se te parece louco, não posso mais explicar.
Pare! Só quem dormiu entre raízes sabe,
É difícil, não diga mais nada, estou à sufocar.
Se te falo isso é porque não suporto guardar,
Me ajuda ouvindo, me ajuda a chorar,
Pois cada louco tem seu motivo,
E este está querendo desabafar.