Provei o amor com fogo
Para ver de onde vinha,
Com que intensidade chegava.
Provei-o como quem prova o dia
Para ver se vem chuva
Ou apenas sol de neblina.
Dissipar-se-iam as brumas?
Brilharia forte como o meio-dia?
Provei o amor com fogo
Para ver aonde iria,
Se me levava junto ou se despedia.
O tempo prova a verdade,
Basta olhar o céu
E esperar a confirmação das nuvens:
Ou elas o levarão para longe,
Ou brilhará cada vez mais absoluto.
Provei o amor com fogo,
Como a prata, o ouro mais puro,
Porque desejava saber a profundidade,
A altura.
Com réguas, medi,
E lâminas puras.
Usei palmos de mãos em candura.
O amor ficou provado.
Uma liga de ataduras atava meu coração,
Ferido nas chamas
D’uma provação tão dura.
Reprovado foi na prova
Do amor, e da doçura.
Deixou-me um gosto de fel
E de densa sepultura.
Em meu peito abriu-se uma cova.
Não pude chorar, partiu-se,
Como esvaecem as dunas,
Levadas pelo vento
Sem destino, sem firmamento.
E no fim,
O que restou no tempo:
Um juramento sem juras,
Brilho sem resplendor.
Um beijo não beijado.
Um colo sem afago,
Som sem ausculta.
A imagem no espelho,
Onde só existe ele...
O amor que não conheço.
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