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Contra isso, sugiro o de sempre: “Faça amor, não faça guerra!” Mas quem poderá aceitar essa sugestão?

Contra isso, sugiro o de sempre: “Faça amor, não faça guerra!” Mas quem poderá aceitar essa sugestão?
Sérgio Pacheco
Mar. 28 - 4 min read
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Escrevo no dia em que a guerra entre Rússia e Ucrânia completa 77 dias. Uma guerra cujo motivo principal é o desejo de um líder vaidoso (Vladimir Putin) de contestar o direito da Ucrânia à soberania independente da Rússia.

 

Aqui perto de casa, a guerra é outra, tenho assistido pessoas saírem nos tapas só por causa da escolha de cada um sobre qual o melhor aplicativo de transporte para ter no celular. E tem o caso daquele vizinho que anunciou no grupo do WhatsApp do Condomínio o valor do seu carro, que nem tem intenção de vender. É claro que tem o direito de colocar o preço nas alturas! Queria valorizar o veículo? Vai saber. O fato é que tem outro que se manifestou e foi logo alfinetando: "- Você está maluco! Nesse valor eu compro uns dez desses!" O desdobramento da conversa teve até ameaça de processo judicial.

 

E tem muitos outros exemplos de casos de discórdia no dia a dia que parecem até brincadeira. E realmente o são! Vivemos em tempos de infantilização dos adultos. Resultado da cidade digitalizada como órgão de trabalho. Não sabemos mais se estamos no celular para trabalhar ou é só para jogar um desses jogos eletrônicos, para lazer. Estamos falando sério ou é só “zoação”?

 

Minecraft, Fortnite, League of Legends, Crossfire, Free Fire, Roblox, Call of Duty: Warzone, Subway Surfers, Clash Royale, Counter-Strike: Global Offensive.

 

Vivemos num eterno “home office”, como uma tartaruga que carrega seu casco, sua própria casa. Até quando jogamos, escolhemos um filme, fazemos uma compra virtual, estamos mesmo é trabalhando, aperfeiçoando os algoritmos, ou seja, tudo dominado.

 

Voltando à outra guerra, a que acontece na Ucrânia, se fosse em outros tempos, a geração Woodstock sairia às ruas dizendo: “Faça amor, não faça a guerra!”. Era uma dissidência dos “hippies” ao modelo capitalista e consumista dos anos 60 e 70 que influenciou uma geração de jovens. Preocupados com a natureza, eram contra qualquer tipo de guerra, valorizavam os grupos excluídos da sociedade, lutavam pela liberdade e desprendimento sexual.

 

A dissidência de hoje em relação ao modelo neoliberal do capitalismo já chegou, e tem outros nomes. Os dias de pandemia e o aumento do trabalho virtual fizeram crescer nos EUA o movimento “Antiwork Movement” (ou movimento anti-trabalho, em português). Jovens trabalhadores estão frustrados e questionam a relação de emprego. Lá estão lutando para ter algo como a nossa CLT. Alguns, saturados, perguntam: "- Qual é o objetivo do trabalho?"

 

No outro lado do mundo, na China, em 2021, muitos chineses sentiram que estavam sob crescente pressão para sempre trabalhar mais e superar seus pares. Os jovens de lá iniciaram, então, o movimento “tang ping” ou “ficar deitado”, que significa fazer uma pausa no trabalho incansável. Na verdade, estão mesmos é exaustos, querem ir para casa, deitar, ler um livro e assistir televisão. Tudo isso já é o reflexo do encolhimento do mercado de trabalho chinês. Um dia aquilo ali vai explodir! Quando a juventude achar que todos têm o direito a comer um hamburguer e tomar uma Coca-Cola.

 

O curioso é que em ambos movimentos, no capitalista e no socialista, no entanto, os jovens não falam mais sobre o sexo. Parece até um contrassenso, mas estudos tem revelado que, apesar de grandes conquistas em relação à liberdade sexual, os jovens de hoje fazem menos sexo do que os de gerações passadas. É isso mesmo! Entre os jovens, estamos vivendo um “apagão sexual”!

 

Os relacionamentos passam a acontecer no mundo virtual, conduzidos como estivéssemos num vídeo game. E a manifestação nas redes sociais acontece com baixa tolerância à frustração. Qualquer polêmica no grupo de WhatsApp vira uma guerra!

 

Contra isso, sugiro o de sempre: faça amor, não faça guerra. Mas quem poderá aceitar essa sugestão?


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