Inventa que eu sou um sonho maluco
e dorme comigo.
Põe a camisola para lavar.
Veste o lençol até os seios,
como nos filmes.
Olha tudo sem ver nada,
como no escuro.
Eu quero te ver abusada.
Desfila sobre a cama e sobre mim,
explorando cada pedaço
com a ponta dos dedos.
Imagina que sou uma ponte
sobre um desfiladeiro.
Eu quero te ver o ventre inteiro
debaixo para cima.
E quando eu menos esperar
ou mais desejar, salta sobre mim,
como uma urutu-cruzeiro.
Prende as minhas pernas,
com um golpe de muay thai.
Quero me sentir indefeso nas tuas garras.
Devora-me com tua boca e teu veneno.
Não tenhas piedade, pois não sou pequeno.
Vá às últimas consequências.
Ate extrair-me o sangue pálido inteiro.
Mas não pense que terá vencido:
quando menos esperar
ou mais desejar, salto sobre ti
como um leão faminto
e prendo os teus braços
com um golpe de judô.
Então rasgo-te inteira
debaixo para cima
com minha lâmina inquebrantável,
até extrair-te toda a seiva viscosa e doce
de que são feitas as melhores árvores.
E só vou parar quando ver tombar a sua cabeça,
achando que dorme e não que sonha.