Logo cedo uma cavalgada
E os animais continuam correndo
Eriçados e loucos
Instigados pela noite passada
Lua cheia
É instintivo
Natural como a voz do lobo
Ecoando nas montanhas
Rosadas no fim do dia
Os pelos se assanham
As pernas tremem
As bocas salivam
Os nortes se perdem
E os caminhos se diluem
Em névoas
Não importa se é alvorecer
Para o desejo não tem hora
Os dias passam a galopes
E as noites, ao contrário
Deslizam
Entre lençóis e janelas abertas
Por elas visualizo o campo
Sinto o cheiro do mato
Ouço as aves noturnas
Vejo a lua iluminando o lago
Meus lábios se entreabrem
Quero beber o orvalho
Uma gota ao menos
Para me saciar
E talvez o sono venha
Mas aí vem o dia
E eu vou
Ele vem e eu vou
E me carrega em cima dele
Para onde eu queira ir
Cavalgo e vou longe
Nessa madrugada
Meus cabelos se misturam
Às crinas
Pois me deito no seu dorso
E me alento
Com os olhos fechados
Confio no seu instinto
De saber onde devo ir
Ou uma quase morte
Me espera no fim.
⚘
Poema: @lenabezerra9 /série Filha de Eros / abrindo o mês de agosto 2020
foto: @Iisahansen
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