Calada da noite,
Calado o som da vida pulsante,
Ativa, desafiadora, veloz,
Premeditada,
E intensivamente plena.
Mudo o falar
Sob o mistério da meia luz
Ou treva total
O pensamento apenas à espera da abertura ao sono
Para se libertar,
Aguardando o cerrar profundo e relaxado das pálpebras
E a entrega do corpo
Para emergir ao palco da existência
Sem regras, sem a logicidade da consciência,
Cena atemporal
Show silencioso e solitário
Entremeado por memórias e fragmentos de possibilidades
Regados por desejos reprimidos,
Sigilosos
A sonhos a realizar e ousadias
Acondicionados nos lugares mais
Secretos do próprio eu
Território sinuoso
Que só eu mesma transito pé ante pé
Por caminhos que penso conhecer.
Não vou muito longe
Sento-me ao meio-fio da razão
E observo a vida que ali está
E que os meus olhos permitem alcançar
Melhor assim.
O cenário já me basta
Para o fluir da inspiração.
Edna Queiroz
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